OS PILARES DE ZÉ LINS - Poema dedicado ao centenário de José Lins do Rego
Quem me dera me perder
Nos verdes anos de Zé Lins,
Reviver a velha infância
No sorriso de uma criança,
Sem medo de ser feliz.
As margens do Paraíba
De natureza selvagem,
Vejo a cheia desaguar
O rio virando mar,
Redesenhando a Paisagem.
Forjado na bagaceira
Eu sou moleque Ricardo,
Cuidado por minhas tias:
Naninha e tia Maria,
Dei um trabalho arretado.
Meu coração rubro – negro
Afeito a desilusões,
Soube viver os perigos,
No quarto escuro o abrigo
Das proibidas paixões.
Vi a flor desabrochar
Nas sombras da gameleira,
Preso as curvas da morena
Sinto o aroma de alfazema,
Doce menina arteira.
O modernismo brasileiro
De fogo morto e reinado
Na engrenagem do engenho
Por outras vias me embrenho,
Rompendo o patriarcado.
O povo imortalizou
No imaginário popular,
Todo nordeste aplaudiu,
Zé Lins ganhou o Brasil
Filho ilustre do Pilar.
E o Engenho Corredor?
Ficou pequeno e cinzento...
O Dom Quixote zarpou
E o mundo inteiro o abraçou
No seu moinho de vento.