Alguns tons nordestino poesia

Mote de bom inverno

Quando ouço o cantar das marrequinhas

É sinal que se alegram com as chuvas

Esse ano pretendo colher uvas

E criar um casal de andorinhas

As pastagens eu vejo bem verdinhas

Com o gado eu vou ganhar dinheiro

Vou criar muitos porcos no barreiro

Ouvirei o que as aves cantarão

Deus afina a corneta do carão

Nas primeiras chuvadas de janeiro

Mote a Valdir Teles

Valdir Teles grande paraibano

Cantador dos melhores do nordeste

De voz forte e verso inconteste

Quando louvo sua arte não me engano

Mas partiu pra cantar pro soberano

Deixou falta e muita gente sente

Inda ouço o poeta mesmo ausente

Pois pra mim não existe despedida

Valdir Teles partiu pra outra vida

Mas tá vivo no coração da gente

Mote de cantoria

Minas boas diversões

Estão quase esquecidas

Já não falo das saídas

Para a pratica de orações

Esse tempo tem senões

Que outro igual não teria

Não sei quem se manteria

Vivendo sem ter vontade

Estou com muita saudade

De assistir cantoria

Sextilhas do que eu gosto

Eu gosto de fazer verso

Gosto de tocar viola

A cachaça não desprezo

Sou boêmio tenho escola

Se faltar peixe no almoço

Janto galinha d`angola

Ainda escuto vitrola

Não gosto de mesquinhez

Eu leio livros antigos

Pra fugir da estupidez

Eu gosto de ter amigos

Gosto de jogar xadrez

Eu não gosto de talvez

Nem de ver alguém sofrer

Cuido bem dos animais

Eu cumpro com o meu dever

Gosto de viver a vida

Sem pensar que vou morrer

Mote do passado ladrão

O passado roubou-me sorrateiro

Minha vista cabelos e os dentes

Do meu corpo os melhores nutrientes

Hoje sei que ele é grande caloteiro

A promessa do grande marqueteiro

Até hoje me espera o coração

Só saudade me pesa no surrão

Eu fui vítima de uma grande maldade

O passado levou-me a mocidade

Não me deu nem sequer satisfação

Mote do atirador mentiroso

Empunhei a espingarda

Era nova a munição

Eu treinei na posição

Pois no tiro sou vanguarda

Não erro em grão de mostarda

Nem quando venho a tremer

Só se catolé bater

Pro tiro não deflagrar

Fiz tudo para acertar

Se errei foi sem querer

Mote do menino traquino

Eu fui menino danado

Caçador de passarinho

Tirava os ovos do ninho

Jogava pedra em telhado

Num carneiro ia montado

Brigava com a vizinhança

Eu gostava de lambança

Tive a cabeça lascada

Não esqueço as presepada

Que fiz quando fui criança

Agamenon violeiro
Enviado por Agamenon violeiro em 08/06/2021
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