SERTÃO ARMORIAL
SERTÃO ARMORIAL
Manoel Belarmino
Nestes campos caatingueiros
Os sons de vozes em reza
Lá nas casas e terreiros
Sons que a alma desenfeza.
Os benditos e ladainhas,
As melodias entoadas,
"Senhor Deus" e Salves Rainhas
Nas noites e madrugadas.
As noites iluminadas
Com velas e candeeiros
Noites de reza encantadas
Sob a lua nos terreiros.
O oratório na varanda
Abriga os santos da casa
E em latim a reza manda
Viver a fé e a vida enfasa.
Novenas, rezas, cantigas...
Promessas e sentinelas
As paisagens mais antigas
Se espalham nas aquarelas.
Chapéu de couro, roló,
As peneiras e gibão
Alforges, bornais, aió
Sanfona, viola e violão.
Reza forte, canto e aboio,
Vaquejada e procissão
Se misturam na fé, apoio,
Raízes do meu sertão.
Cangaço, fé, romaria,
Padin Ciço, Frei Damião,
Senhora Virgem Maria,
Mãe das Dores do Sertão.
Danças de forró, reisados,
Xaxados, danças, folia,
Cordéis de história rimados,
Folhetos e cantorias.