SERTÃO ARMORIAL

SERTÃO ARMORIAL

Manoel Belarmino

Nestes campos caatingueiros

Os sons de vozes em reza

Lá nas casas e terreiros

Sons que a alma desenfeza.

Os benditos e ladainhas,

As melodias entoadas,

"Senhor Deus" e Salves Rainhas

Nas noites e madrugadas.

As noites iluminadas

Com velas e candeeiros

Noites de reza encantadas

Sob a lua nos terreiros.

O oratório na varanda

Abriga os santos da casa

E em latim a reza manda

Viver a fé e a vida enfasa.

Novenas, rezas, cantigas...

Promessas e sentinelas

As paisagens mais antigas

Se espalham nas aquarelas.

Chapéu de couro, roló,

As peneiras e gibão

Alforges, bornais, aió

Sanfona, viola e violão.

Reza forte, canto e aboio,

Vaquejada e procissão

Se misturam na fé, apoio,

Raízes do meu sertão.

Cangaço, fé, romaria,

Padin Ciço, Frei Damião,

Senhora Virgem Maria,

Mãe das Dores do Sertão.

Danças de forró, reisados,

Xaxados, danças, folia,

Cordéis de história rimados,

Folhetos e cantorias.

Manoel Belarmino dos Santos
Enviado por Manoel Belarmino dos Santos em 07/02/2021
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