dores da seca
De repente as flores murcham
Seca o rio, racha o chão,
Descem para as terras mais baixas
As aves de arribação,
Parece ouvir se ao longe;
É a seca do sertão.
A seca que mata o gado
O cerrado, a plantação
Seca que seca a alma
E que destrói a razão
Castrando o sertanejo
Sem lhe deixar opção
De saber mesmo se é macho
Para enfrentar o sol dragão.
Seca que queima os olhos
E emudece o cantar
Que coíbe o sorriso
E impede o prantear
Pois quando secam se os olhos
Não se pode mais chorar.
Seca que ataca de frente
Que vai destruindo os flancos
A seca que leva o sonho
Empurrado aos solavancos
É seca de “Vidas secas”
E seca de “Barro blanco”.