dores da seca

De repente as flores murcham

Seca o rio, racha o chão,

Descem para as terras mais baixas

As aves de arribação,

Parece ouvir se ao longe;

É a seca do sertão.

A seca que mata o gado

O cerrado, a plantação

Seca que seca a alma

E que destrói a razão

Castrando o sertanejo

Sem lhe deixar opção

De saber mesmo se é macho

Para enfrentar o sol dragão.

Seca que queima os olhos

E emudece o cantar

Que coíbe o sorriso

E impede o prantear

Pois quando secam se os olhos

Não se pode mais chorar.

Seca que ataca de frente

Que vai destruindo os flancos

A seca que leva o sonho

Empurrado aos solavancos

É seca de “Vidas secas”

E seca de “Barro blanco”.

Miro Homemnegro
Enviado por Miro Homemnegro em 31/01/2021
Reeditado em 06/02/2021
Código do texto: T7172859
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