11- UMA VIAGEM A FORTALEZA - CASOS E COUSAS SERTANEJAS - JOACA ROLIM
I
Eloi eu vou viajar
Porem antes da partida
Vou fazer a despedida
E quero os amigos abraçar
Vou até a capitá
Do nosso estado querido
Vê lá se sou recebido
Pelos nossos deputados
Que foram agora votado
Não pode está esquecido
II
Porque já é de costume
Eles sempre fazer assim
Somente perto do fim
Vem todo cheio de perfume
Dizendo que tem ciúme
E tudo vai oferecendo
Nossas cabeças enchendo
Muitas promessa bonita
E nós matuto acredita
Em tudo que vão dizendo
III
Dos pulíticos eu já tem medo
De promessa estou maluco
Sei que vou ficar caduco
Deixa a gente inté azedo
Sem descobrir o segredo
No tempo da inleição
Vem todos para o sertão
Com os seus palavriados
Você é um velho danado
Todo do meu coração
IV
Porém eu vou inté lá
Vou ver se entro no grosso
Ouvi lá todo alvoroço
Pra tudo eu contar por cá
Se você duvidar vá
E preste toda atenção
Entre nas repartição
Ouça lá como ele diz
Vamo arrumar o País
Ficar com o dinheirão
V
Quando viajo a trem
Satisfaz meu coração
Passando pelo sertão
Vendo as coisas que ele tem
Meu corpo se sente bem
Vendo as serras e os arvoredo
Lá em riba dos lajedo
E o trem bem perto passando
E todos passageiros olhando
Da natureza o segredo
VI
Chegando no Iguatu
Já se ver muita beleza
O clima da natureza
Acaba todo lundú
Tem a arribançã e o nambú
Muito rebanho de cordeiro
Ali onde os romeiro
Fizeram o acampamento
Só esperando o momento
J. da Penha o guerreiro
VII
Passa o trem na carreira
Para Senador Pompeu
Lá mora um primo meu
João Gonçalves de Oliveira
Junto com a companheira
Palestra um pouco comigo
O trem partiu e eu sigo
Para Quixeramobim
Aonde as pedras são sem fim
Que para ali foi castigo
VIII
Vou fazendo a viagem
Olhando todo nordeste
Aqueles lindos campestre
Que para o homem é vantagem
De dizer que tem coragem
Pois a vida é trabalhosa
Porém é vitoriosa
Que só faz com fé em Deus
Vivendo bem com os seus
Dentro de jardim de rosa
IX
Em Itapiúna aí já é
A cidade preferida
Dali fazer a partida
Para o Santo Canidé
Todos romeiros com fé
Da viagem fazer depressa
Para pagar a promessa
Com o coração contrito
Achando o santo bonito
Depois de tudo regressa
X
Depois dali seguirei
Pois vou inté Fortaleza
Quero ver esta beleza
Se é como eu pensei
Na volta eu contarei
O que foi que vi por lá
Agora o trem vai parar
Chegou em Baturité
Onde tem o bom café
E muita manga pra chupar
XI
Vai descendo na estrada
Também para em Guaiuba
Depois dali Pacatuba
Muito bonita a entrada
Tem uma serra encostada
Que dar vida a cidade
De muita felicidade
Para menino e muié
Que vive do catolé
Vendendo ali a vontade
XII
Depois dali Fortaleza
Pra onde eu vou com cuidado
De não ser lá barruado
Por um carro da empresa
Já vou sentindo tristeza
Não sei como vou ficar
Quero somente pensar
Nas coisas do meu sertão
Quando voa o gavião
E sobre o ar vai penerar