4- O PRESTIGIO DO PEQUI E SUA MADEIRA- CASOS E COUSAS SERTANEJAS - JOACA ROLIM
I
Toda fruta Deus deixou
A bem do mundo inteiro
Aqui em nosso terreiro
Deu o pequi que sobrou
Para a pobreza ficou
A remissão nossa terra
Todo mundo ali faz guerra
Porém a fruta é demais
Velho menino e rapaz
Não vence o pequi na serra
II
Na serra do Araripe
Quando há safra de pequi
Quem viaja por ali
Montado a pé ou jipe
Mesmo doente da gripe
Sai o pequi juntando
Dali sai logo avisando
Por toda a redondeza
Já chegou nossa riqueza
Pequi na serra sobrando
III
Vão muitos ali sem nome
Sujeito a chuva e ao sol
Nem sequer tem um lençol
Sobe a serra com fome
Lá somente o pequi come
Homem menino e mulher
Do pequi faz o que quer
O bom queijo e o azeite
Seu caldo serve de leite
Passa fome quem quiser
VI
E um prato excelente
Por todos é desejado
Cozido cru ou assado
Pode ser frio ou quente
Para quem tem o bom dente
Satisfaz seu coração
Pegue o pequi com a mão
Leva a boca e sai roendo
Diz que nada está sofrendo
Dormindo ali sobre o chão
V
A casca, a flor para o gado
Não conheço outra aqui
Ração igual o pequi
Só sendo um bom roçado
Faz do pequi o bocado
Na mesa um bom almoço
Depois solta o caroço
Se quebra tira a castanha
Bota no fogo faz banha
Alva que só um coloco
VI
Também a sua madeira
Que para tudo ela serve
Outro pau não lhe faz greve
Porque ela é de primeira
Em toda nossa ribeira
Crato, Jardim Juazeiro
Ali diz o carpinteiro
Que só trabalha com gosto
E se sente bem-disposto
Trabalhando em pequizeiro