BALADA DE UM SERTANEJO
Saio de casa ainda é madrugada,
Porém não reclamo a minha sina.
Há muito que eu corto a estrada
Longa e não sei onde termina.
O alazão sempre foi meu camarada,
À noite, a lua é o sol que clareia;
Me escondo da onça pintada
Que aparece na lua cheia.
Assim vou seguindo a jornada,
Faço do berrante a busina.
Entro na mata encantada,
Buscando água cristalina.
Eu durmo na rede rendada;
Quem me deu foi o meu amor.
Sim, foi presente da amada,
Que no inverno é o cobertor.
Mulher, amante e namorada,
É moça, musa e menina.
Às vezes, é rainha, outras é fada.
O som da sua voz me alucina.
A vida sem você amor é nada,
É zero à esquerda sem valor.
Sou andarilho que vaga sem parada,
Que conhece tão somente o amargor.
Esperança vai de mão dada,
Canta amor e não desafina..
Em segredo leva a espada
A camuflada em carabina:
Sertanejo: tudo é uma cilada.