Bordamata

Ali bem na entrada tem um Portal

Da pequena cidade que tem costureiras aos montes

Dizendo que aqui borda-se horizontes

E tecem futuros

Ainda que duros

Ainda que na Curva da Morte tenham seu final

A cidade atrai turistas

E na famosa “FesdaBorda” tem parque, shows, barraquinhas:

Panelas, roupas,crepes, churros e sandálias

A singela Bordinha faz parte do Circuito das Malhas

Produz lingeries, tapetes, cortinas e pijamas a perder de vista

A MG 290 que corta a cidade, a chamada “lá na pista”

É cheia de fábricas e lojinhas

Que vendem por atacado ou por varejo

Trazendo a turistada do Nordeste, do Sul e também de Belo Horizonte

E em uma das sete praças tem uma belíssima fonte

Inspiração para qualquer casal trocar uns beijos

E por falar nas sete pracinhas

Elas têm descrições mil

Da fonte, da igreja, do mercado, das frutinhas

Do parquinho, do cemitério, do Banco do Brasil

Borda da Mata e seu povo cabreiro

Que como todo bom mineiro

Fica meio ressabiado

Quando chega um forasteiro

E quando pergunta “cê é fi de quem?”

E você responde que é de fora, que da família ele conhece ninguém

Lida com olhares arregalados e atravessados

Até que estejam acostumados

Cidade pequena: logo se conhece do prefeito ao coveiro

Por falar em mercado, aqui se gosta de comprar onde é tradicional

Nova Borda, Baleia, Beto, Mãe Rainha

Padarias do Gelam, Luzita e Real

E o lanchão é no Batata, no Chapa Quente ou no Mingau

Na João Olivo é bem frio e o vento é forte aqui em cima

Com os nomes e referência dos bairros dá até para fazer rima

Quem mora na Bordinha

Mora no Cervo, no Sertãozinho, na Palma ou na Serrinha

Na Ponte de Pedra, no Campo, nos Marques ou no Jacú

Perto do Bar do Peixe, do Cristo, do Santo, do Asilo ou do Morro do Urubú

Tem a Praça da Bíblia e até os bairros com nomes de santos

Nem dá para citar:

São tantos!

Dezoito mil para tanto bairro: é pouca gente para muito lugar

E um dos lugares mais famosos é a tal da Popular

Por falar em bairro, Tocos não é mais distrito daqui

Agora virou cidade e levaram junto o Capeta

História longa, parou até no Vaticano

Do tal Capeta da Borda que vivia assombrando

História que virou contos e piadas aqui

A dona de casa aqui nem precisa de inimigas

Porque o Capeta amaldiçoou a cidade com correições de formigas

Borda e Tocos separaram e o Capeta foi no divórcio

O povo dos morangos, festas boas e belas cachoeiras não fez muito bom negócio

Mas com o calçamento da estrada, chegam aqui em vinte minutos, não tem mais treta

Cercada por Inconfidentes, Bom Repouso, Pouso Alegre e Monte Sião

Está a cidadezinha que de cada linha foi inspiração

Pacata e singela

Simples e com uma beleza que só ela

É a cidade das sete praças

Que traz turistas às massas

Onde se faz arte com tecidos, linhas e entretelas

E tecem futuros

Por detrás dos muros

Que guardam máquinas, fábricas e costureiras belas

Quem sabe esta simples poesia vire até uma canção:

Trança aqui, corta ali, fura acolá, costura, costura e arremata

Afinal, aqui é Borda da Mata

Que vou levar sempre no coração

Ddsa Carvalho
Enviado por Ddsa Carvalho em 19/11/2020
Código do texto: T7115832
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