Medo
Medo (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)
Lá no alto da serra
Tem uma pequena casinha.
Ninguém passa perto,
Pois dizem que lá tem fantasma.
Todas as noites ele sai
Correndo varanda afora.
Dizem que foi de uma mulher assinada,
Mas até hoje não foi provada.
Perguntou para o João,
Que foi o seu irmão.
Ele disse não saber de nada,
Nem mesmo vai lá, de madrugada.
Um boiadeiro ficou lá,
Na noite escura e de chuva forte.
Acendeu um fogo na varanda,
Assou linguiça e bebeu café.
Quando dormiu, foi logo acordado pelo pé.
Ouviu gritos de soluços,
Parecia que alguém estava chorando.
Viu uma mão fria tocando-lhe o rosto,
Descendo até o pescoço.
Não demorou muito,
Saiu ele correndo, todo molhado.
No outro dia
Voltou tarde para buscar o gado.
Dizem que lá tem ouro,
Mas ninguém quer ir lá.
Ouvem vozes e choros,
Vindos de uma coruja, aos agouros.