Colonizar

Fomos uma geração sem inimigo

dos hemisférios ao solo mais antigo

Tupã, Jaci e Guaraci,

deuses indígenas que governavam aqui

Eis as caravanas, trazendo armas, derramando sangue

o homem branco, fidalgo e Cabral

se apresentando, ao agora

Brasil colonial

Durmam com as índias,

matem os pajés,

aniquilem os xamãs

escravizem Tapirapés

Me tragam Pero Vaz

peço que escrevas sobre o Brasil,

um Brasil de muitos Brasis,

piraqui, mas só fale até aqui

Enriqueçam e se divirtam

eis à terra de Santa Cruz

dessa terra extraio

açúcar e Pau-Brasil, por algo que reluz

Os ancestrais choram

choram as rosas, à terra e a paz

que um dia o solo mais sagrado

pelo homem branco foi desrespeitado

Memórias em chamas,

reminiscência fragmentada

por anos espantadas

Um indígena cativo e ferido,

sou apenas um poeta perdido,

consumido pela história

tentando resgatar a memória.

Índios Guarani, Pataxó e Macuxi

Tupinambá, Caetés e Tupiniquins

geração marcada pela luta e escravidão,

e agora, só triste recordação

Dos hemisférios ao solo mais antigo,

persiste a dor de um povo

cujas vidas foram tiradas,

cujas histórias ainda queimam.

Márcio André Silva Garcia
Enviado por Márcio André Silva Garcia em 31/10/2020
Código do texto: T7100777
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