AMAZÔNIA DE TANTAS LENDAS

Mistura do fantástico e do real

Seres mágicos confundindo a Natureza

Da fantasia extraem-se as verdades

Existem fenômenos sobrenaturais

Na construção dos hábitos sociais?

A memória coletiva das comunidades

Influencia o comportamento do povo

O Sol, a Lua, sons da floresta, os animais

A criação de palavras mágicas e dos ritos,

A idolatria produzindo infinitos mitos

A convivência com o místico divino

O meio urbano fazendo parte da cultura

Na busca da verdade que envolve o Universo

Acreditam que Tupã controle raios e trovões

Em personagens imaginários de deuses e heróis

Lendas são narrativas de caráter maravilhoso,

Ultrapassam as barreiras locais (e sociais)

O encantamento em inúmeras tradições

Através de incontáveis festas e canções

Mística sempre presente na cultura popular

No território outrora dos Tupiniquins

Chegaram diversas e estranhas etnias

Os conceitos trazidos pelos colonizadores

Causaram aos indígenas muito sofrimento

Com a recriação de séculos de mitologia

Tupis-guaranis acreditavam em Yamandu

Força superior, figura primária da criação

Yamandu era Nhanderu era Tupã, o deus Sol

Desceu à Terra, com deusa Lua, Araci

No Paraguai criou a floresta, oceanos e animais

Estrelas foram colocadas, iluminado o Céu

De estátuas de argila do homem e da mulher

Misturou vários elementos da natureza

Alertou dos espíritos do bem e do mal.

Soprou e criou a primeira raça, os Guaranis

No Mundo Superior a casa de deuses e os bons

No inferior moravam os Demônios e os maus

Aos semideuses restava purgar na Terra

Amaldiçoados, carregam ódio em seus corações

Mbaetatá (Boitatá) a cobra dos olhos flamejantes

Facho de fogo na mata, perseguindo viajantes

Caipora, mãe da mata, protetora dos animais.

Pés virados a confundir o rastro,

Vara na mão, cavalga seu porco do mato.

Mapinguari vaga pelos castanhais

Carregando os segredos da imortalidade,

Ninguém sabe se é imaginação ou verdade

E tem Anhangá, Iurupari, Taguaiba, Temotê,

Foi o Boto! Foi o Boto, sinhá! Que me fez namorar...

Nas noites de lua cheia e festas juninas,

Boto sai às margens, a seduzir virgens meninas

Terno branco, de chapéu, passeia nas barrancas

Bebe cachaça e dança na caça de romances

Encanta as ribeirinhas, promete eterno amor

Leva-as para o fundo do rio, malvado

Deixa as moças grávidas e meninos órfãos de pai

Firmino, grande feiticeiro, promovia festanças,

Sua filha, Maria Caninana banhou-se no rio Claro

Moça bonita, disse à mãe Chiquinha: “Foi o Boto!“.

Firmino anunciou: “Se foi O Boto Tucuxi, me vingo”,

Faca enfiada de ponta na madeira de canoa

Alho jogado na água a afugentar o galante sedutor

Até hoje é simpatia para moça não engravidar

Os filhos do Boto e Caninana

Gêmeos na forma de serpentes

Abandonados às margens do Solimões

Nargita, cruel e impiedosa virava embarcações

Cobra Norato por vingança matou a irmã

Iara era a melhor mulher da tribo,

Os irmãos invejosos queriam matá-la.

Na peleja Iara os matou e fugiu.

O pajé puniu-a com a pena de morte.

Corpo jogado no encontro do Negro e Solimões.

Peixes levaram Iara e ela se transformou

Na Sereia dos rios, sedutora Mãe D'Água,

Mulher repleta de beleza e encantamento.

Habita lagos, igarapés e rios.

Caudas de peixe, cabelos negros, olhos castanhos.

Ao final das tardes, calma e silenciosa

Sai da água e seu canto atrai os homens

Que enlouquecidos descem ao fundo do rio

No reino encantado imaginam se casar.

Só um bom pajé consegue quebrar o feitiço.

No Maranhão o Bumba-meu-boi,

O Boi-Bumbá festejado em Parintins

No Pará o carimbó dos tupinambás

Em Porto Velho as Pastorinhas do Natal

Lendas, heróis, Mulheres guerreiras

Contos, pensamentos e narrativas,

Tradições e memórias de um povo

De imensa identidade cultural

Com muito pra contar, cantar e encantar.

Cantiga final:

“Foi o Boto, Sinhá!

Sei não... sei, não...

E se for coisa do Boitatá...

Melhor se proteger

Pegue a minha mão

Vamos dançar

Até o dia amanhecer...

É tempo de boi-bumbá

Mas que foi, foi, foi sim...

Foi o boto, sinhá...

Que fez mal pra mim”...

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 16/08/2020
Código do texto: T7037450
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