A CUIA E O PEÃO

Cedo, o fogo na lareira

prenunciando inverno frio

na chaminé a fumaça

de um rancho quase vazio.

A velha cuia, acostumada

a passar de mão em mão

repousa acabrunhada

na mão do velho peão.

Entre o frio e o calor

de invernos e verões

sentando ali na varanda

reponta as recordações.

Peleando com a solitude

que judia o coração

vai sorvendo o amargo quente

pra espantar a solidão.

Na esperança que um dia

num inverno ou num verão

possa ver passar de novo

a cuia de mão em mão.

(Poema musicado por Wilson Paim, compositor e interpete de música nativista gaúcha - disponível no YouTube)