Remo Ermo
Rema canoeiro
Perdido
Não nos ermos dos paranás
Rema em seu ermo
À deriva em pensamentos
Ritmado em movimentos
Rema canoeiro
Na certeza da incerteza
Não sobre o rio, sobre a vida
Sua remada é antiga
Perpétuo canoar
Rema canoeiro
Buscando-se em si
Rocha solitária navega
É fino pó das constelações
Fiando seu cosmos particular
Rema canoeiro
Sem medo
Das flores do mal
Dos rios de dores
Das matas de temores
Só você, templo de coragem
Braços fortes
Rio a cortar
Rema canoeiro
Sem nome
Sem rosto
Sem incenso
Sem mirra,
Sem ouro
Rema a si próprio
Teu tempo, tua ciência
Vai singrando ao futuro
Proando incerto a existência
Sabe que remar é preciso
E por isso continua a remar