Remo Ermo

Rema canoeiro

Perdido

Não nos ermos dos paranás

Rema em seu ermo

À deriva em pensamentos

Ritmado em movimentos

Rema canoeiro

Na certeza da incerteza

Não sobre o rio, sobre a vida

Sua remada é antiga

Perpétuo canoar

Rema canoeiro

Buscando-se em si

Rocha solitária navega

É fino pó das constelações

Fiando seu cosmos particular

Rema canoeiro

Sem medo

Das flores do mal

Dos rios de dores

Das matas de temores

Só você, templo de coragem

Braços fortes

Rio a cortar

Rema canoeiro

Sem nome

Sem rosto

Sem incenso

Sem mirra,

Sem ouro

Rema a si próprio

Teu tempo, tua ciência

Vai singrando ao futuro

Proando incerto a existência

Sabe que remar é preciso

E por isso continua a remar

Murilo Laredo
Enviado por Murilo Laredo em 02/07/2020
Código do texto: T6994177
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