Amanheceres da Terra Rubra
Não receie o pasto coberto de gelo
Contemple, assim que beberes do quente café
O céu azul, guardado pelas copas dos pinheiros
Não receies a quietude da manhã,
Quem sabe as gralhas grasnem ao redor das copas
E o som dos pingos de orvalho sejam sua companhia
Apresse-se ao pasto, cortado por colunas de luz
Do Sol que irradia, memoráveis desenhos no chão
Note, os cristais da madrugada, derretem-se em luz
Caminhe jovem ser, por entre os pilares desses templos
Colete a semente rubra e dourada, pinhão do Paraná
Que o vento e a gralha ofertam à terra vermelha
Quantos que da semente rubra e dourada,
dos tempos imemoriais, da terra dos pinheirais,
se alimentaram dela, incontáveis gentes e animais?
A gente nua e forte que aqui pisava,
outrora tocados de sua casa, mata de Araucárias
ainda tenaz sobrevive, guerreiros de faces pintadas
E o povo que aqui após caminhava
Caboclos do sertão, da terra gerados,
dos ancestrais da terra, costumes guardava
Oh! São tantas as gentes, as histórias
tantos os costumes dos povos antigos,
que os pilares dessa terra guardam!
Contudo, poucos ermos desse tempo restaram
Os templos de aves e da gente da terra,
os trilhos e as serras, ao chão tombaram
E da rubra terra uma gente insurgiu,
e em batalhas que ferviam em chão contestado,
pela lei do trilho e da serra sucumbiu
Línguas antigas com novas se encontraram,
Rostos do norte às terras da contenda chegados,
Da dor daquela guerra poucos se lembraram
Ah! Se os pinheiros contassem ao farfalhar
seus galhos e folhas diriam em dias de outono,
as lutas que se travaram nessas terras!
Pisando com cuidado percorrem os caminhos,
aqueles que de muita antiga semente se alimentam,
mas esses caminhos não percorreram sozinhos,
pois no rastro de suas pegadas, antepassadas gentes
em brilhos de geada serviram-se, de fruto de pinhos.