A LUA EM CASCO CRESCENTE
Um passo... lua crescente
fez morada junto à estrada.
Do seu molde, tanto vejo,
mas sei pouco mais que nada.
Na solidão dos caminhos
- depois de esperar "ao léu" -
buscou achego no casco
pra se despedir do céu.
Outro passo... noite escura
traz silêncio apresilhado.
Deixou a lua que tinha
nas patas do meu bragado.
E chora pelo retorno,
feito quem chama um amigo...
Mas vou de galope largo
e levo a lua comigo!
De longe, cuidam estrelas
perdidas pelas retinas...
- A meia lua prateada
sabe o que o casco lhe ensina -
E por "vez", de manhã cedo,
vem mostrar seu rosto pleno
lacrimejado nos pastos
molhados pelo sereno.
Mais um passo... quase dia!
...e esta lua não se vai...
Se o bragado vende as garras,
do céu dos cascos não cai!
Talvez tenha percebido
a razão de sua figura,
de ser metade no céu
mas inteira nas lonjuras.
Último passo do pingo...
- das tantas léguas por frente -
trouxe pedaços da noite
em outra lua crescente.
E ficam rastros na terra
- onde o bragado pisou -
por um desenho perfeito
que o próprio casco moldou