OUTROS CAMINHOS

Outros caminhos, senão estes, quais serão?

Por onde a alma livrará seus desalentos?

Onde acharei pureza, enfim, ao coração?

Em qual rincão escutarei a voz dos ventos?

Cruzam os dias, com silêncios de hora e tanto...

E o tempo vago mais indaga o que há por vir;

Em qual estrada encontro o fim dos meus quebrantos?

Qual será mesmo a razão certa de existir?

Quanta amargura e solidão cercando o mundo!

Quanto remorso e quanto medo antes de amar!

Será, o afeto, um lugar posto em algum fundo

aonde o homem nunca mais soube chegar?

E o ventre frio da terra mãe sente saudades

de cada filho que este tempo desgarrou;

Pelos espelhos, sobram luzes à vaidade

quando a verdade míngua a sombra que à tomou.

Outros caminhos, senão estes, quais serão?

...se as almas claras já são ciscos de lembrança!...

Fugaz é a vida - como um sopro junto às mãos -

E a fé consola quem não perde a esperança.