Uma voz a suplicar

Desafios a bailar

Vidas a satirizar

Um povo a encontrar

Do discurso não adiantar

Matas a derrubar

Povo a chegar

Emprego a buscar

Casa a procurar

Tristeza por vivenciar

O custo de vida aumentar.

E em nossa Terra o que falar

Uma hidrelétrica vão instalar

O Xingu a chorar

O caboclo a gritar

O desespero alcançar

A quem nada alocar

O Político enganar

E a vida nos roubar

A quem acreditar?

Nas eleições a votar?

Presidenta a aprovar

A sentença de degradar

A terra da missão devastar

Com canteiros de obras a implantar

O Xingu a desviar

Aos indígenas desrespeitar

Aos ribeirinhos martirizar

A seringueira derrubar

Paisagem xinguana a desencantar

Angélica não mais acordar

O Capelobo não mais assustar

E a Matinta Perêra, não mais assobiar

Altamira a soluçar

A lenda não mais auscultar,

A paz a procurar

E o Homem nada significar.