Lá vem ela!
Lá vem ela!, grita Raquel.
Antonia, corre para o quintal!
Negras nunvens cobrem o céu...
Depressa! Tira a roupa do varal.
Cobre o espelho, Maria!
Pro raio não charmar.
Busca o balde e a bacia,
que a pingadeira vai começar.
Passa pra dentro, menino!
Cuidado com o trovão!
Olha o raio, pequeno!
Sai de perto do portão!
E o vento sopra bravio,
Leavanta poera do chão.
Eu preparo meu návio,
A espreitar no "xagão".
Ela vem longe, toda contente,
Já ouço seu som nos telhados.
Não demora, chega a minha frente,
A deixar o chão todo molhado.
É hora de por o meu návio no mar,
Que a correnteza começou.
Corre ele depressa, para me alegrar...
Que grande fazedor de barcos que eu sou!