RIBEIRÃO

Ribeirão da minha infância

que corria sem parar,

sei que um dia a ganância

talvez te faça secar.

Se acabar tua exuberância,

sempre terás um lugar

em que nenhuma intolerância

vai contigo acabar.

Ribeirão fazia aguada

para os bichos e toda a gente

que chegava na beirada

pra beber água corrente.

Só assustava a chuvarada

quando trazia enchente,

que vinha na madrugada

e corria inclemente.

Ribeirão das brincadeiras

das crianças em algazarra,

das mulheres lavadeiras

que não vinham para farra.

Daqueles que em suas beiras

se soltavam das amarras

da vida, que traz canseira,

e a tua água desgarra.

Enquanto podes, ribeirão.

corre nesse leito teu

que cavaste pelo chão.

Corre em quem te bebeu,

corre sempre, bonachão.

Teu curso nunca morreu,

corria em meu coração

e poesia dele escorreu.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 22/08/2019
Código do texto: T6726640
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