OLHOS DE ANZOL

No esquecido sertão,

noite de prata pouca

é o céu se desluando,

lua nova se chegando.

A coragem fica rouca

em quem viaja de alazão.

Na grossa escuridão

todo caminho é soturno.

Não sobrou nem um vintém

da prata que da lua vem

quando o sol acaba o turno

e some em céu vermelhão.

Em calada solidão,

pela noite se aventura,

segue adiante o peregrino.

Aceitando o que o destino

lhe dispõe por água pura

mas que sombreia o coração.

Pede em muda oração

para a noite ir embora,

para vir depressa a luz

que pela vida o conduz

e faz tempo ele namora

e implora esse clarão.

Que venha a benção

de que com a luz do sol,

também chegue a moça bela

que fisgou ele pra ela,

com seus olhos de anzol,

na mais santa perdição.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 18/08/2019
Código do texto: T6723562
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