NOITE NO PAGO...
Morre a tarde agonizante
na mortalha claridade
com o Sol que vai se pôr
nalgum lugar da saudade
um pouco além desta mata
numa visão que maltrata
o gaúcho da cidade.
É a noite que vai chegando
tingindo de breu o céu,
semeando as estrelas,
todas jogadas ao léu
em luzes, então formando,
que aos poucos vão criando,
o mais luminoso véu.
A Lua, então, se faz cheia
no cenário que espero.
Já sopra uma brisa fresca
que eu recebo e venero
e no pampa enluarado
se escuta pra todo lado
o cantar do quero-quero...
É noite, espalho o pelego
sem requinte nem luxo
e sorvendo meu chimarrão,
após um dia de repuxo,
neste quadro que me enaltece
faço a Deus uma prece
dando graças por ser gaúcho!
Rui E L Tavares