Apelo

Cena 1 - O garimpeiro

Da palafita,

à busca pelo amor,

que se supõe de arrimo,

Raimundo vaga como fosse errante à Paraíba.

A lama separa o pé do passo,

o ouro, a promessa do rosto.

Distante de tudo,

tem pressa;

o compromisso da alegria

é triste.

O céu é azul

e a mosca, lilás.

Cena 2 - O índio

No caminho, de selva batida,

Emyra corre.

Tombado à ladeira, um pedaço de ponte,

os caminhões e os tocos.

Mercúrio brilha rente ao sol.

A taba, de vidro,

se pinta pra guerra.

Cena 3 - O poeta

A literatura, ao longe, pede olhos compridos.

Se nos insulta a beleza mas nos inteira a arte,

seremos apenas o mais belo dos covardes.

O compromisso da alegria

é triste.