Vaquejada da Missão

Hoje passando bem cedinho

Nas imediações da vaquejada,

Fui olhar bem de pertinho

E me fiz que não vi nada

O matagal antes deserto

No recanto da boiada

Branquinho do chão ao teto

o que antes era encarnada.

O povo todo se alegra

Com a vaquejada da Missão

Tem cavalo e tem égua

Tem burro manco e alazão

Tem jumento cheio de terra

Tem pônei pra levar anão

Tem casal com nova e velha

Tem cabra frouxo e valentão

Nas praças os comentários

Emanam com esplendor

De todo mundo se fala

Do povo pobre ao doutor

Não existe roupa de gala

Nem roupa simples de malha

E nada tem que atrapalha

O vaqueiro aboiador

Quem não tem animal

Compra logo um fiado

Arruma gibão de couro

Ferradura para os cascos

Um cinto com fivelão

Um chapéu vêi desbotado

Uma bota cor de torrão

Um cachorro preto e magro

Os poetas se aninham

Que é pra não dá confusão

Cantam verso improvisado

Mas não pode erar não

Cantam que nem passarinho

Cai até lágrima no chão

Quando lembram dos caminhos

Das portas do coração

Vaqueiro da minha terra

Vaqueiro de outra foz

vem aqui pra Missão Velha

Vem aqui ouvir minha voz

Vaqueiro de longe era

Vaqueiro veio veloz

Vem aqui pra minha terra

Conhecer que somos nós.