Festa do Milho - Show e Rodeio
Mauro Pereira

No amplo espaço cercado de muro
Churrasco, sanduba, quitutes, folguedos...
Um parque enorme com muitos brinquedos.
Arena lotada, boi brabo...ai, que medo!


Aqui nesse templo de audácia e de glória.
O touro e o peão são da festa os atores.
Em oito segundos alcançam a vitória.
Ou provam da areia, o gosto e os odores.

Me alembro das roças! Em torno da ermida
Juntava-se o povo cantando louvores;
Curvando e chorando, em preces doídas.

Em preito e em respeito ao passar dos andores.

Aqui a arena se enche de gente
Que vai ao delírio ouvindo cantores.
Que apupa e grita e xinga horrores
Se o show do artista não a deixa contente.

E em meio ao caos e às banalidades,
E surdos aos gritos e alheios às dores,
Os homens de bens e as autoridades
Se cobrem de pompas e despem pudores.

Esquecem que a festa é um bem popular
E como a gordura do leite dormido,
Emergem acima do povo sofrido
E azeda... e fede... e faz vomitar.

Porto Alegre, 22/03/2014
MAURO PEREIRA
Enviado por MAURO PEREIRA em 24/05/2019
Reeditado em 30/03/2020
Código do texto: T6655903
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