Rio Grande
Rio Grande do Sul, amada querência,
Xirua perfumada de maçanilha
Onde firmo no punho minha existência,
Na verde pampa de flechilhas e coxilhas...
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Rio Grande é pai, Rio Grande é filho,
Pátria que é mãe, irmã e filha
A terra dos generais e caudilhos,
E de um belo céu, onde o cruzeiro brilha...
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Meu Rio Grande foi cevado em chimarrão,
Ao qual sorvo numa cuia de tez morena
Ele é de mão em mão um símbolo de união,
Desta terra de valentes de alma serena...
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Rio Grande do churrasco no braseiro,
O qual eu lasqueio em uma charla de galpão
Da picanha no espeto, ao arroz carreteiro
Da costela de ovelha à moda da tradição...
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Sou gaúcho desta pátria meridional,
Onde gritam os quero-queros haraganos
Aves símbolos do homem regional,
Fronteiriços e perfeitos hermanos...
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São meus irmãos desta fronteira tríplice irmanada,
Argentina, Uruguai sob o mesmo céu azul
Divisas castelhanas, onde dança a gauchada,
E nesta fronteira eu grito, sou do Rio Grande do Sul...
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Sou a rima destes versos que se ensaia em prosa,
E tu és a minha pátria prenda, de vestido rodado
E sarandeio contigo num xote de rosas,
Num fandango esqueço-me de Deus e viro um diabo...
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Rio Grande, trago-te aos rincões de Montevidéu,
Foi de lá que trouxe este meu pingo tubiano
Bicho maleva e malacara, da cor do róseo,
Que derruba de sua anca até um velho veterano...
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Minha chinoca te tenho o maior apreço,
Perco-me no encantamento neste teu trigal
Aqui sempre será o meu eterno endereço,
E quando morrer, enterre-me neste teu floral...
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Por que assim chego à morada do céu,
Com este teu aroma de flores pampeanas
Minha mortalha é de três cores, feito teu véu,
E assim ressuscitarei um dia nos pagos de Uruguaiana...