A minha casa e o rio

(Está, era a minha casa. Na foto, minhas duas irmãs e primos, Pingo com o Cúiu no braço, Marion e Reginela)

O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo, é ser um realista esperançoso. Ariano Suassuna

A MINHA CASA E O RIO

A minha casa

A casa que eu nasci

Era linda

De uma beleza

Sem fim

Eu sonho com ela

O Rio passava

Eu via o rio

Da porta

E da janela

Sentia o vento frio

Eu descia

O caminho do porto

Na carreira

Para tomar banho no rio

Todo o dia

A cena se repetia

Do cedro

Pulava na água

Fria do rio

De brincadeira

Da porta de casa

Eu corria

E saltava

Da ribanceira

Eu passava

Ele me convidava

E lá estava eu

Como uma magia

Ele me arrastava

Era um desafio

Minha mãe me ralhava

Mais eu gostava

Eu sentia tanto amor

Pelo rio

O rio, uma imensidão

Escondido

Pegava o casco

E o remo

E ia passear no meião

Eu acordava

Anoitecia

E dormia

Com o rio

Eu vivia e sonhava

A minha casa

Ficava de frente

Para o rio. Ela ouvia

Quando o rio se agitava

E roncava

No rio eu pescava

Todos os dias

Carregava água

Enchia os potes

E o tanque de casa

Belo e caudaloso

O rio está lá

A minha casa não existe mais

Ficou no tempo

Passado saudoso

Doces recordações

Que não me sai

Da memória

Dos momentos vividos

De eterna glória

Jamais esquecidos.

Esse poema, um dos mais lindos que fiz, abraça minha alma de saudade e faz-me lágrimar de emoção.

José Gomes Paes

Poeta amazonense de Urucará

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