SALSA DO SERTÃO



Aberta com os olhos virados ao céu,
A salsa do sertão procura a luz do sol,
Um guarda-sol que parece um chapéu,
Resistindo contra o tempo: É para-sol.

Banhando a estação da seca com violeta,
A Salsa é nobreza aonde houver um coração,
Coloração roxa que espalha, não é vinheta.
É a luz da salça com sépala que faz o destino.

Maior guarnição sertaneja cobrindo o chão,
Retrato da longa caatinga plantado por Deus,
É a púrpura, reinante símbolo de riqueza,
Nascendo a céu aberto no jardim, são teus.

Salsa! Aberta com os olhos virados ao céu,
Floríferas, belas, arroxeadas e rasteirinha,
Nas manhãs de todo o meu verão, veranico,
Violácea primaz da minha vida, é a Salsa.

À tardinha, elas choram, choram e choram,
Viram-se a procura do sol, sem consciência,
Que se esconde por trás do horizonte vermelho,
Fechando o guarda-sol numa despedida e dor.

Murcham, retraem-se as flores na longa noite,
No amanhã despedaçada no terrenal, secam,
Caindo em perdição não vivem mais as flores,
O vento limpa o solo, preparando as sementes,
Quiçá! Noutro inverno novas flores sorridentes.



ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 17/09/2007
Reeditado em 04/10/2011
Código do texto: T656800
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