Caá
Nos verdumes da fronteira
Bem logo após a tal guerra
Com seus sonhos e algibeira
Migraram pra esta terra
Ricos e pobres sonhando
E em partes concretizando
Com uma história que aterra.
E foram muitas picadas
Que aqui foram se abrindo
Construindo suas moradas
Objetivos fluindo
E em busca da tal caá
Gente boa e gente má
Aqui chegaram sorrindo.
Mas o choro se estampou
No olhar de paraguaios
A história que rolou
É que homens bem lacaios
Sem uma gota de pudor
Sem se importar com a dor
Desses ervateiros aios.
Quando estavam no erval
Viviam a mburear
Espantando o espírito mal
Pra não se verem a chorar
Belas canções paraguaias
Cantavam à beira das praias
Do riacho a chilrar.
Nesta tal añaretã
Muitos deram suas vidas
Partiram para Tupã
Sem sarar suas feridas
Não deixaram uma herança
Nem pra os seus esperança
De melhorias de vida.
Mas nem tudo era tristeza
Para os mitãncaria-ys
No sábado era uma beleza
Viravam ja-jeroki’s
Partiam pros povoados
Se entretinham nos bailados
Era iporã-iterey .
O ja-jeroki solteiro
Arruma uma cuñatã
Mesmo sendo um mensualeiro
Lhe enchia de me embirã
Lhe jogava um chiripá
Coitada da tal cunhá
Se aquece a um poncho-pitã .
No meio das arboleras
Paraguaios, brasileiros
Pensavam em suas cegueiras
Fugir dos comitiveiros
Mortos sem saber por quem
Atingidos a comblein
Morrem muitos arrieiros.
No costado da arrieira
Muitos mortos estão lá
Com uma cruz de aroeira
Envolta em um chiripá
Rezam uma Ave-maria
Aqui não houve alegria
Com certeza, morte má.
Amigos do tereré
Logo quero terminar
Dando o meu voto de fé
Aos homens que sem pensar,
Inda fico a meditar,
Riem da sorte à ré.
Linda esta louca história
Ungida a sangue e suor
Chimarrão da luta inglória
Ao tereré a memória
Sou hoje muito melhor.