Sonho da Guanabara
A paisagem que eu vislumbro
Nos segundos do sonho rarefeito
Fechando os olhos entrevejo
Da Guanabara o céu rotundo
Bem da ponte e em movimento
Num carro rápido e suave
As nuvens que lhe bate
Às margens do horizonte
Cume imaginário da paz
e da beleza do espírito
Tal Cabral havia visto
Tal Guarani amou demais
É o que me surge nas visões
Repentinas da vigília
Ou sonhando com a baía
Envolto nos lençóis
Por vezes nos ônibus barulhentos
Na imaginação mergulhado
Torno Brasil e seu cimento
A imagem vinda desde um barco
Balançando sob a ponte
Ou à UFF beirando devagar
À noite, devolvendo o olhar
Que dei dali num outro instante
Noutra visão vou flutuando
Por entre os barcos comerciais
Uma barca passa, rumo ao cais
E eu aceno aos viajantes
Um dia gritava Cunhambebe
Falindo à nau de São João
Bombas voando em explosão
E Durand gritando enquanto fale
Noutro dia à sua margem
O imperador nos acenava
E eu das águas contemplava
O povo gritando em vertigem
Três navios recostados
Marinheiros a preparar
Sobre a terra e o patamar
As defesas do estado
Hoje são terras mortas e castradas
Quase virgens do estado
Dando-me nos pacíficos desmaios
Visões muito desejadas
A paz de um céu sem nada
Sobre uma água em soslaio
Esperando a volta de um estado
Tal é o sonho da Guanabara