Rio Mutuacá

Rio que corre valente
cheiro de manga e ingá
vai japiim cantando
gaivota já vem pescar
grito doce da iraúna
ecoando pelo ar.

E mal o dia amanhece
barco vem e vai no "mar"
meu rio corre faceiro
é criança indo ligeiro
escola vai começar
"aperta o passo, barqueiro,
tenho pressa de chegar!"

N'outros rios não tem manga
nem japiim, nem ingá
nem açaí empretando
nem boto a me convidar
o peixe já vem trazendo
"paredão" vou preparar

Vai japiim brigando
com a iraúna teimosa
vem açaí carregando
e manga toda cheirosa
perfumando minha alma
minha terra tão formosa.

Esse rio é doce canto
que vira espelho ao luar
guarda lenda de visagem
tem sereia pra encantar
é poesia, Círio e festa
teu encanto, Mutuacá.

Podem haver outros rios
mais belos que este de cá
mas nenhum deixa na gente
esta saudade dolente
quando tem que se afastar;
a gente leva saudade
e vontade de ficar

E quando vem mês de maio
a água vai se enfeitar
de flores, velas e barcos
pra Maria abençoar
é Círio que vem chegando
Traz fogos pra homenagear!

Mês a mês segue-se em festa
as águas do meu lugar
faz prece a Santa María,
pra Fátima, em romaria
rogo sua bênção me dar
pra São João, São Benedito
e São Francisco vou rezar.

Podem haver outros rios
mais belos que os de cá
mas, enquanto sopre o vento
encantando o pensamento
vou lembrar de Mutuacá...
Que me leve a vida afora
mas, pra ti, quero voltar!

Cametá, 11/2017
G.C.F.
Gaby Faval
Enviado por Gaby Faval em 28/04/2018
Reeditado em 27/06/2021
Código do texto: T6321331
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