MARGEM DU ROI

MARGEM DU RIO

Ouço a pororoca

Anunciando o sopro d'água

Lambendo as margens.

É a força d'água vindo de dentro pra fora.

O sangue barrento salobre-doce

Escorre pelas artérias hídricas

Mapa sistêmico da natureza.

Igapó, curuperé, furo, mangal.

Ouço o lamento

No finzinho do dia

De uma cigarra

Que canta sua tristeza.

Jurutaí faz serenata pra lua,

Com ladainhas de amor.

Meu corpo flor d'água noturna

Perfumando o sereno

Enquanto se arreganha

Para o risonho luar.

Ei, Piquenu!

Ó! Ispia! Ulha!

Um uirapuru caboco cantando

Emprenhou a noite

De estrelas e vaga lumes.

E a boca da noite beija a vida

Num eterno afago gentil.

Ysac Nunes Faustino.

Terra Firme, 22/03/18.

augustopoeta
Enviado por augustopoeta em 23/03/2018
Reeditado em 23/03/2018
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