Saga Sertaneja
Uma tropa segue marcha pisoteando o mato
Rasteiro. Sob os cascos de uma mula manca
Quebra o cascalho, rompe a trilha e a rampa.
Um tiú passa, corta a pasto perseguindo um rato.
Um cheiro de queimada, fumaça, a serra ardendo.
O tropeiro calado, peito em chamas, coração
Doendo. Sai da trilha, vence galhas com o facão,
A tropilha empaca, passa um lobo guará correndo.
A marcha segue forte, o tempo... O tempo urge.
Na Cercania, entre o cerrado uma ventania ruge.
Na trilha ingrata, um olho seco, o vento rasga.
A poeira encobre a trilha, um cavalo engasga.
E segue a luta e a lida contra o chão que estala.
Do alto um rosto zombeteiro sobre a mata inflama.
Um cheiro misto adocicado de vegetação exala,
Junto com terra ressecada que de chuva reclama.
Mais um tiro mascado, mais uma bala perdida,
No coração da gente uma certeza se insinua,
Nesta vida que segue dia, dia na mata e na rua
O prêmio da chegada é uma nova partida.
É dura a luta, o martírio, a dor insana
Que curte a pele e a fé, e a alma abala.
De dia o sol, que nem a sombra engana,
De noite um sonho que a lua embala.
O murmúrio de um regato em agonia.
Um novo alento, esperança e utopia.
A sonolenta tropa para, se surpreende.
A alma acalma, o corpo cai... Se rende.
Um olhar mortiço aponta a estrada,
Um corpo inerte, uma cruz cravada.
E a tropa se lança em renovado trote,
Uma mula manca, seis cavalos e o frete.
Um manto negro encobre a serra, a mata
E entre nuvens esparsas a lua se revela.
O sertanejo agarra com forca a cruz, a faca.
Um estranho temor, pela sua alma vela.
Arrasta a noite e caminha a cangalha,
Entre ruídos súbitos, sombras e sustos.
Um coração angustiado, entre arbustos.
Nem a noite, nem a lua relaxa a tralha.
No sertão o despertar é mágico... E trágico,
Uma promessa tramada de repetidas lidas.
E entre murmúrios surdos, vozes contidas
Segue a tropa seu ritmo e traçado ilógico.
A fome e a sede, salteadoras da estrada
Travestidas de companheiras de exílio,
Seguem a tropa esquálida, em seu martírio.
O urubu e o lobo contra os filhos do nada.
O chão de rompe em fendas ao sol implacável.
Ao olhar atento dos animais o casco escapa,
Num instante uma vala, noutro uma cascavel,
Que ao som do trote pela serra acima escala.
De dia e de noite a trama se repete,
Seguindo trilhas, vales, serras, vertentes.
O frágil regato ao longe murmura e verte
Lágrimas incontidas, súplicas ardentes.
A serra ao longe na linha do horizonte.
Promessa de menos luta e mais descanso.
O olhar do sertanejo em busca do remanso,
Uma cachaça, uma viola, um olhar caliente.
Lá e cá eis o destino que nos enreda,
Na cidade, os desafios, o trato urgente,
No sertão um caminho, uma vereda,
Um regato frágil, a trilha sob sol ardente.
E no grande sertão, entre as veredas
A vida segue curso em compasso lento,
Conta-gotas que um destino desatento
Nos deixou entre duvidas e certezas.
Ao longe, na serra uma promessa geminou.
Entre folhas secas e galhos uma flor se abre,
Exalando seu perfume, renovando a tarde,
Uma Rosa silvestre... Que o poeta cultivou.
Uma tropa segue marcha pisoteando o mato
Rasteiro. Sob os cascos de uma mula manca
Quebra o cascalho, rompe a trilha e a rampa.
Um tiú passa, corta a pasto perseguindo um rato.
Um cheiro de queimada, fumaça, a serra ardendo.
O tropeiro calado, peito em chamas, coração
Doendo. Sai da trilha, vence galhas com o facão,
A tropilha empaca, passa um lobo guará correndo.
A marcha segue forte, o tempo... O tempo urge.
Na Cercania, entre o cerrado uma ventania ruge.
Na trilha ingrata, um olho seco, o vento rasga.
A poeira encobre a trilha, um cavalo engasga.
E segue a luta e a lida contra o chão que estala.
Do alto um rosto zombeteiro sobre a mata inflama.
Um cheiro misto adocicado de vegetação exala,
Junto com terra ressecada que de chuva reclama.
Mais um tiro mascado, mais uma bala perdida,
No coração da gente uma certeza se insinua,
Nesta vida que segue dia, dia na mata e na rua
O prêmio da chegada é uma nova partida.
É dura a luta, o martírio, a dor insana
Que curte a pele e a fé, e a alma abala.
De dia o sol, que nem a sombra engana,
De noite um sonho que a lua embala.
O murmúrio de um regato em agonia.
Um novo alento, esperança e utopia.
A sonolenta tropa para, se surpreende.
A alma acalma, o corpo cai... Se rende.
Um olhar mortiço aponta a estrada,
Um corpo inerte, uma cruz cravada.
E a tropa se lança em renovado trote,
Uma mula manca, seis cavalos e o frete.
Um manto negro encobre a serra, a mata
E entre nuvens esparsas a lua se revela.
O sertanejo agarra com forca a cruz, a faca.
Um estranho temor, pela sua alma vela.
Arrasta a noite e caminha a cangalha,
Entre ruídos súbitos, sombras e sustos.
Um coração angustiado, entre arbustos.
Nem a noite, nem a lua relaxa a tralha.
No sertão o despertar é mágico... E trágico,
Uma promessa tramada de repetidas lidas.
E entre murmúrios surdos, vozes contidas
Segue a tropa seu ritmo e traçado ilógico.
A fome e a sede, salteadoras da estrada
Travestidas de companheiras de exílio,
Seguem a tropa esquálida, em seu martírio.
O urubu e o lobo contra os filhos do nada.
O chão de rompe em fendas ao sol implacável.
Ao olhar atento dos animais o casco escapa,
Num instante uma vala, noutro uma cascavel,
Que ao som do trote pela serra acima escala.
De dia e de noite a trama se repete,
Seguindo trilhas, vales, serras, vertentes.
O frágil regato ao longe murmura e verte
Lágrimas incontidas, súplicas ardentes.
A serra ao longe na linha do horizonte.
Promessa de menos luta e mais descanso.
O olhar do sertanejo em busca do remanso,
Uma cachaça, uma viola, um olhar caliente.
Lá e cá eis o destino que nos enreda,
Na cidade, os desafios, o trato urgente,
No sertão um caminho, uma vereda,
Um regato frágil, a trilha sob sol ardente.
E no grande sertão, entre as veredas
A vida segue curso em compasso lento,
Conta-gotas que um destino desatento
Nos deixou entre duvidas e certezas.
Ao longe, na serra uma promessa geminou.
Entre folhas secas e galhos uma flor se abre,
Exalando seu perfume, renovando a tarde,
Uma Rosa silvestre... Que o poeta cultivou.