Marluce, ispia meu Memo(Rio)

Rio Pará, Curralinho, 07 de setembro de 2017.

E depois da maresia vacilante

Eu fui ao fundo e nadei tudo

E bem antes do caracterizante

Fui palhaço mudo e sozinho

Mesma letra

Mesmo a dor

Não impediu a meia-lua e o andor

Fiquei à margem esses anos todos

Um cabano tão escondido

Cantei a vida mesmo em trajes rotos

Território é minha pátria

No poente

No raio manhã

Eu peço benção à Iaçá ou à Tupã

O Rio

A flor

Que nos acompanhou

Disse Olá ao araçari

O Rio

A cor

Que o camarão pescou

Cumpra - se o jupati

Através da neblina e friagem

Vem a costela e recanto

Na ilharga, beira ou na margem

O canto dos encantados

Própria voz

Propriamente

O sibilar para grelar a semente

O Rio

Favor

Que a andiroba arrastou

Curou o baque do porvir

O Rio

Calou

E a memória proseou

O futuro que me sorri

Eu Rio

Supor

Que todo mal não tem fim

Pajé do vil garantir

O Rio

Amor

Alfa e Foz Lei em mim

Leito do meu resistir

Toda História é um afluente

Da respeitosa mente

Mãe igarapé

Cabeceira que planta a gente