A  manhã de cada dia

 

As manhãs  se alternavam
reluzentes, orvalhadas
molhadas de chuva

fina, pesada,

passageira, demorada

              *
Perto e longe
fora e dentro de casa
tudo era raiar de sons

na mansidão da manhã


(as tardes não, eram longas;
as noites, mal-assombradas;
as madrugadas, de maus agouros)

              *
Nova manhã e de novo 

a esperança do dia
os primeiros passos
a infância

              *

galo cantando
tropel de cavalo

porteira batendo
mugido de touro

barulho

de vida e de trabalho
               *

todo dia que chegava
trazia consigo algo novo
pro terreiro lá de casa
 

Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes) em 22/03/2017
Reeditado em 02/12/2023
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