RITO ETÉREO
(além da cuia)
Quando o mate envolve
Minhas mãos e meu espírito,
O ronco e o suspiro
Não findam a saudade.
Nas campinas do sentimento
O verde é a relva,
Minh’alma se eleva
E busco o Divino.
A cuia mais que carrega:
O fruto das folhas;
A água nas bolhas;
O chá em substância.
Os goles em alternância
Parecem um soluçar.
A bomba alimenta
A vontade de voltar.
Passo para o próximo
Um pouco dos meus afetos,
Não é objeto,
Sim, algum respeito.
Síntese do próprio jeito:
De ser gaúcho parte do mundo;
De algo bem mais profundo
Do que a plástica do gesto.