RITO ETÉREO

(além da cuia)

Quando o mate envolve

Minhas mãos e meu espírito,

O ronco e o suspiro

Não findam a saudade.

Nas campinas do sentimento

O verde é a relva,

Minh’alma se eleva

E busco o Divino.

A cuia mais que carrega:

O fruto das folhas;

A água nas bolhas;

O chá em substância.

Os goles em alternância

Parecem um soluçar.

A bomba alimenta

A vontade de voltar.

Passo para o próximo

Um pouco dos meus afetos,

Não é objeto,

Sim, algum respeito.

Síntese do próprio jeito:

De ser gaúcho parte do mundo;

De algo bem mais profundo

Do que a plástica do gesto.

Tarcízio
Enviado por Tarcízio em 05/03/2017
Código do texto: T5931363
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