REMANSO
Chora, remanso menino,
chora manso, no regaço,
afaga o insano desatino
que me toma pelo braço.
Marcha em direção atemporal
a esse amor que me transporta
ao meu saudoso torrão natal,
dilacerando inúmeras portas.
Vomita um pretérito abrupto
onde fui deveras feliz!
Ali, diante um belo crepúsculo,
de lembranças tão pueris.
Sentada na Praça Remanso,
não de muitos, mas de um Boto,
barcos na imensidão de águas
sulcavam caminhos ignotos.
O céu lambia o verde cromático
desde sua grandeza pujante,
o verde sorvia o negro de águas plácido,
com a ânsia sedenta de um retirante.
A decomposição das cores poentes,
avança num jogo de claro-escuro,
que alcança o sensível horizonte
e se une ao meu olhar turvo.
Chora, menino, no remanso!
Nessa praça, chora manso!
Afaga esse coração sentido
que segue adiante seu destino.