ALMA DE RIACHO (MURMÚRIO ANCESTRAL)
Minha alma vai por aí
Riacho que no mundo se estica
Sussurrando murmúrio ancestral
Cantarolando melodia mística.
De chuva pingando em folha
De vento soprando em taboca
De índio tocando chocalho
De mulheres ralando mandioca
De cavalos relinchando no pasto
De homens preparando a terra
De boiada correndo em estouro
De onça urrando na serra.
Criança brincando no quintal
A mata sendo derrubada
Passarinho que faz ninho novo
Aqui vai passar uma estrada
Já tem ponte em cima do rio
Minha alma agora sussurra
Murmúrio de mansa revolta.
Não tem mais onça que urra
Este caminho não tem volta.
A mata não vai mais crescer
Não nasce passarinho de ovo
A ignorância cuida do mundo
Pode esperar o choro do povo.