Sofrimento da terra
A enxada o ombro machucava
As mãos a muito calejadas
Mas nada doía tanto
Quanto os olhos dos filhos em prantos
No céu a gigante estrela
Mais se assemelhava a uma centelha
Cujo fogo a todos castiga
Deixando o trabalhador com muita fadiga
O dia foi difícil
A terra estava seca
Nada mais lhe parecia verossímil
A morte vinha, pulava a cerca
Camisa de mangas compridas, botas, chapéu de palha
Não era uma simples roupa, mas uma indumentária
Que do sol protegia e o calor espalha
Sem, contudo, ampliar lhe a existência
A vida é sofrimento
Percebeu desde cedo o agricultor
Marcada por remorsos e muito horror
A terra o sustento não fornecia nem com muito labor
O fim se fazia próximo
A morte era certa
Ante tanta injustiça
Que a sua alma fosse liberta!