Sofrimento da terra

A enxada o ombro machucava

As mãos a muito calejadas

Mas nada doía tanto

Quanto os olhos dos filhos em prantos

No céu a gigante estrela

Mais se assemelhava a uma centelha

Cujo fogo a todos castiga

Deixando o trabalhador com muita fadiga

O dia foi difícil

A terra estava seca

Nada mais lhe parecia verossímil

A morte vinha, pulava a cerca

Camisa de mangas compridas, botas, chapéu de palha

Não era uma simples roupa, mas uma indumentária

Que do sol protegia e o calor espalha

Sem, contudo, ampliar lhe a existência

A vida é sofrimento

Percebeu desde cedo o agricultor

Marcada por remorsos e muito horror

A terra o sustento não fornecia nem com muito labor

O fim se fazia próximo

A morte era certa

Ante tanta injustiça

Que a sua alma fosse liberta!

Aermo Wolf
Enviado por Aermo Wolf em 13/12/2016
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