O VALE DO PAJEÚ DEU TRÊS BANDIDOS CRUÉIS
Na vila de São Francisco
Numa triste quinta-feira
Nascera Sinhô Pereira
Nocivo como um corisco
Caindo no seu aprisco
Ele pisava co os pés
Não temera aos coronéis
O parente de Dadú
O Vale do Pajeú
Deu três bandidos cruéis
O famoso Virgulino
Nascera em Vila-Bela
Viveu de morte e querela
Esse bandido assassino
Começou quase menino
A roubar bode e anéis
Não respeitava fiéis
Nem aceitava lundu
O Vale do Pajeú
Deu três bandidos cruéis
Destemido como um touro
Imbecil, tosco e cretino
Foi nosso Antônio Silvino
O grande rifle de ouro
Roubava qualquer tesouro
Traçava qualquer revés
Estes foram seus papéis
Na vida de Belzebu
O Vale do Pajeú
Deu três bandidos cruéis
Virgulino, o Lampião
Bandido Pernambucano
No Sertão Alagoano
Roubou mais de um cidadão
Na comarca de brejão
Queimara lousa e papéis
Fechara vila e bordéis
E fez o povo andar nu
O Vale do Pajeú
Deu três bandidos cruéis
O mestre Sinhô Pereira
Lá na Vila do Coité
Deu no Padre e na ralé
Daquela terra fagueira
Mandou sua cabroeira
Dá de murro e ponta pés
Naqueles pobres fiéis
Vítimas do sururu
O Vale do Pajeú
Deu três bandidos cruéis
O rude Antônio Silvino
Nasceu no Sítio Colônia
Essa figura bolônia
Virou tremendo assassino
Como bandido ferino
Atacava os coronéis
Com tantos crimes revéis
Assombrou Tacaratu
O Vale do Pajéu
Deu três bandidos cruéis
Seu Rodrigues foi nó cego
Não respeitava ninguém
Nunca quis fazer o bem
Como pede o nosso ego
Dizia ele quando eu pego
Um samango com meus pés
De tiros dou mais de dez
Mato o monstro e como cru
O Vale do Pajéu
Deu três bandidos cruéis
Nas margens do Moxotó
Virgulino com Matilde
Roubaram o povo humilde
Bateram de fazer dó
Virgulino correu só
Temendo o grande revés
Zé Lucena e seus fiéis
Atacaram Zé Mundú
O Vale do Pajéu
Deu três bandidos cruéis
O grande Sinhô Pereira
Lá no Pajeú das Flores
Atormentava os senhores
E dava em qualquer caseira
Sua vinda bandoleira
Pintava cenas novéis
Pisou macaco e fiéis
Na Vila Mandacaru
O Vale do Pajéu
Deu três bandidos cruéis
Lampião foi respeitado
Por muita gente ricaça
Bom conselho papa caça
O seu coito desejado
E como rei potentado
Demonstrava seus lauréis
O feudo dos coronéis
Vigorava seu tabu
O Vale do Pajéu
Deu três bandidos cruéis
Lá no engenho corredor
O bravo Antônio Silvino
Visitou José Paulino
Bom fazendeiro e senhor
Zé Lins o grande escritor
Descreve nos seus painéis
Os bandoleiros revéis
Na grande Vila de Açu
O Vale do Pajéu
Deu três bandidos cruéis
De Virgulino Ferreira
Eu decantei seu destino
Também Antônio Silvino
E Sebastião Pereira
Essa trindade guerreira
Traçara toscos papéis
Dava em muitos coronéis
E abafava calundu
O Vale do Pajéu
Deu três bandidos cruéis