ERNESTO E MARIETA
Lá na rua Augusta, bem nas brenha desse Brasilzão,
quando o sol anuncia que é meio dia,
Dona Isaura escalda o macarrão, dá uma colherada
na canjica e dança com a panela na mão,
o neto se agarra na bainha da saia e depois puxa pela mão.
Lá mesmo na rua Augusta, ao som da marchinha de carnaval,
as donas largam o avental e correm em meio a multidão para
encontrar os amores perdidos e iludidos pela sincronia do
carnaval. E bem, em um beco perdido na escuridão, eis que
surge mais um para roubar-lhes o coração, e assim sem querer,
sem entender, assim, bem assim, é feito o tal do Ernesto.
Ernesto bem crescido se vê sem escolha, e se envolve nesta bolha,
nesta bolha, a bolha chamada senado, pobre moço sem juízo,
perde o reinado antes mesmo de ser bem dotado, pobre coitado,
foi roubado. Foi o tal do Arnaldo.
Ernesto, perdido, decide tentar mais uma vez virar gente,
se perde quando descobre como mente, a vida para ele é só
mais um acidente.
O tal do Ernesto, não consegue diferenciar o certo do errado,
e em meio ao emaranhado do enrolado juízo que perdera,
se vê sem eira nem beira, trôpego, sozinho, buscando carinho
encontra a tal da Marieta, mulher porreta que o concerta
pedindo uma certa gorjeta.
Logo Ernesto e Marieta completam uma faceta, com a chave
na gaveta pegam todo dinheiro
do senado e deixam ainda um recado, para o tal do Arnaldo:
Adeus seu abestado!