VIDA DE RETIRANTE

Durante anos a fio,

Ficava esperando espiando o céu.

Chapéu de couro na cabeça , seguindo em frente,

Debaixo de um sol impiedoso e ardente.

Quando a noite cai, escura e fria,

Os grilos começam sua cantoria.

O cordel respira tudo em sua volta,

Nasce o sol e o poeta acorda.

No instrumento de corda, canta sua devoção,

Seu presente é muito duro e o futuro não sei não.

Lança no chão suas últimas sementes,

Quem dera almenos uma germinasse somente.

A poeira cobre os corações palpitantes,

Vida de retirante que um dia partiu.

Sem saber se voltaria para ela mesma,

Filhos de uma terra seca... seca.

Todas as tentativas foram em vão,

Nesse pedaço de chão, fico não... fico não.