Queixa de um Severino
Eu vim falar do sertanejo
Daquilo que, do seu engenho, João Cabral não viu.
O sertanejo, João Cabral,
Não vive de luto,
O sertanejo é céu azul do meio-dia,
É o incêndio rubro e áureo do crepúsculo vespertino,
É a lua fresca prateada,
É o bem-te-vi a dar bom-dia ensolarado.
E às vezes também o luto, é claro,
E a pedra.
Mas você viu tudo de fora, poeta,
Havia um oásis dentro da pedra!
Você não viu, por exemplo, os meninos jogando bola
Nas areias do Capibaribe...
*
O sertanejo é passado pelo poeta
Como um povoado é passado por uma andorinha.
*
O sertanejo, senhores,
Canta, sorri, persiste.
O sertanejo nunca foi só um triste.