DESASSOSSEGOS
Reponta de soslaio a fria madrugada
no piar tristonho de um Inhambu
estalos retorcem a touça do bambu
resquícios de uma noite mal-assombrada.
O vento em rebenque, percorre a invernada,
resmunga, rangindo as trancas do rancho,
corcoveia esvoaçando as abas do poncho,
parecendo uma alma que perambula penada.
O lume tremulante de um lampião
projeta uma sombra na parede falquejada,
o vulto medonho da tralha pendurada
se esgueira pelas frestas feito aparição.
O sono de uma noite sobre o pelêgo
refaz o corpo do cansaço da jornada
mas os pesadelos que rondam a alma assustada
remexem no baú dos meus desassossegos.