O Burro Trovão.

O burro trovão.

Onze de setembro de dois mil e oito

Uma noite de temporal

Coisa fora do normal

O que chovia e relampeava

Caia granizo trovoava

O dia doze entrou assim

Inesquecível pra mim

Por tudo o que se passava.

Levantei não muito cedo

O tempo estava emburrado

Nem havia me espreguiçado

O Mateus chegou num corridão

Ta tocando o orelhão

Que não para e não da trégua

Nasceu cria da égua

E parece que é um burrão.

Eu fui pego de surpresa

E não pensei em mais nada

Já sai em disparada

Sem conter a emoção

Bateu forte o coração

Quando o vi em minha frente

Eta burrinho valente

Teu nome vai ser trovão.

Cruza de égua com jegue

Nasceu um burrinho macho

A cola sem muito facho

Pernilongo, mas bem gordinho;

Mesmo estando assustadinho

Quando cheguei de supetão

Consegui passar a mão

E fazer-lhe um carinho.

Botei o boçal na égua

Pra tira-la do potreiro

Já o trovão mais matreiro

Caminhava entonado

Ele e a mãe lado a lado

Indo em direção ao morro

Quando encontrou um cachorro

Tentou fugir assustado.

A égua deu meia volta

E relinchou pro filhote

Que já retornou a trote

Passando bem do meu lado

Facilitou e foi logrado

Por uma armada certeira

Tentou alguma besteira

Mas logo ficou parado.

Até a frente da casa

A égua e a cria eu levei

Ali chamei a Sirlei

Que disse admirada

A égua esta toda molhada

Junto com o filhotinho

Só pode ser um burrinho

Pra nascer nesta chuvarada.

É verdade é um burrinho

Nascido de parto normal

Numa noite de temporal

No potreiro a beira do rio

Enfrentou chuva, vento e frio

Quando a porta lhe foi aberta

Vai ser valente na certa

Como a égua que o pariu.

Onze meses e nove dias

Foi o tempo de gestação

Enfim nasceu trovão

O burrinho tão esperado

Logo foi embuçalado

Para sair do potreiro

Eta bichinho ligeiro

Atrevido e folgado.

Folgado até no mamar

Se a égua não ta disposta

Tenta morder-lhe as costas

O coice já vem certeiro

Joga pra cima o traseiro

Junto vai a patinha

A égua fica quietinha

E ele mama todo faceiro.

Poeta Edgar
Enviado por Poeta Edgar em 31/01/2016
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