SERTÃO

A torturante noite foi-se embora,

E dele a pungência não se afastou,

O fim da sua vida lobrigou,

E, silente, bradou: - Venha sem demora!

Agreste no horizonte se mostra,

E a abóbada celeste vem roçando funesto,

Dilacerando com raios grotescos

As poucas fibras q’inda o coração comporta.

Indiferente, impudico e tormentoso,

Este sol destina-lhe tenazes suplícios.

Há muito padece essas ferozes torturas,

Agora fenece já sem esboçar bravuras,

Pois que no sertão todos os sacrifícios

Parece ter como fim as sepulturas.

Daniel Pereira S
Enviado por Daniel Pereira S em 14/01/2016
Código do texto: T5510826
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.