SECA DOR
Sou filha do cerrado
trago os ombros ardidos de sol
e a pele curtida pelo tempo.
Trago algumas gostosuras:
o gosto do pequi
a boca amarela da manga
e a calma pesqueira do barranqueiro
que tira do rio seu sustento,
e que não se sustenta mais
porque findos...
Mas, resiste
como as árvores ressequidas do sertão.
Sou filha da resistência
do céu limpo
de incontáveis luas...
Sou o calor das estações – Verão!
Sou canção e dor
Vida, sou
no rasteiro chão
dessa terra seca.
Sou, sobretudo, esperança.
E esperançando
sou anúncio de boas-novas
quando no céu
as nuvens escurecem
gritando por chuva.
(Suerdes Viana)