CANUDOS

Dos livros ‘CANTARES” e “EUCLIDES DA CUNHA e a BAHIA”.

Canudos ainda é um grito em incontrolável terremoto,

tecido a trabalho e dores no nordestino solo da Bahia,

abusadamente fustigado, violentado e arrebentado,

por temerárias e irresponsáveis politicalhas públicas

e por erros repetidos de politicagem pequenez

de brasileiros desvairados em criminosa insensatez.

Canudos ainda é um estrepitoso brado de inconformismo

explodindo-se em espaços e tempos siderais,

reiterando que uma dedicada responsabilidade unida,

é sempre um bom caminho de construtiva paz

em justa e harmoniosa contingência vivencial,

se direcionada sempre para o essencial.

Canudos é a enérgica vibração em ondas de ansiedade,

refletidas em fios do mais reluzente e dourado sol,

mostrando a cores vivas; em transes de infinito,

a mais singela e clara lição de inquebrantável fé

a apontar-nos um bem-estar que todos queremos,

e não o temos ainda, mas em luta vivemos

Canudos é berçário de puras idéias em tempo ideal,

autêntico e típico, próprio do baiano nordeste,

em suplicante voz; em esturrado grito agreste,

em ritmo de guerra; em despedaços uivantes,

quase explodindo em grossas vozes de verdades,

as seculares carências; as cruciais necessidades.

Canudos é o desolado pranto do Brasil interno,

já bem próximo do quase incontrolável desespero,

em face do pustuloso domínio politiqueiro

próprio de oportunistas, vândalos, desordeiros,

que vivem a confundir sonhos, idéias e fadários

dos excluídos nordestinos, sempre solidários.

Canudos que bradou, ainda brada e bradará,

Ainda não morreu; não morre; não morrerá!

Porque seu palco, sementeiro de lutar e contra-lutar,

foi onde nasceu; ainda nasce e nascerá

os núcleos libertários que em lutas realizarão

o sonho, o ideal, o sentimento e a razão.

Canudos foi massacre de sonhos e sentimentos

De boas idéias sociais, irmanadas em querer.

Foi a união de crenças em blocos de esperança,

de pedestais de fé; de anseios de bonança,

desexplodindo em trovões e ventos

e em seqüentes Fhenix; em cíclicos momentos.

Canudos foi a heróica construção cristâ,

Do mais primevo e cristalino cristianismo

no mais íntimo e puro abraço corpo-mente-espírito

no mais completo lutar pelo primado do perfeito.

Canudos é vendaval em forças positivas

A desencadear nascentes de sonhos, idéias e vidas...

Canudos é perenizada prece do nordestino baiano

pobre, fazendo-se em vida e desfazendo-se em lutas,

em pedaços de desejos, em restos de emoções,

direcionados sempre ao Brasil político-poder,

rogando em repetida prece, em reiterado querer,

um viver de equilíbrio; um viver de mais prazer.

Canudos é a própria vida da Bahia nordeste

abrindo-se em começo de sonho e findando-se em infinito.

É a carência aberta buscante de solidariedade,

essenciando-se no melhor; na mais sublime fraternidade.

Canudos é a vida simples carregada de afetividade,

toda feliz e construtivamente vestida de verdade

Canudos é a fé em positiva energia-crença.

Que somente quer viver em doce harmonia

E em felicidade de terra, homem e vida,

De pé, em perene e firme luta decisiva.

Canudos é simplesmente uma altiva verdade,

Dentro de um perturbado Brasil-desigualdade.

Canudos é a audaciosa e grave guerra,

Da interiorana consciência brasileira,

implorando responsabilidade e seriedade

respeito, atenção em perfil de probidade,

em andante apelo a tantos do poder,

Querendo em tranqüilidade crescer.

Canudos é o amor, em primitivo início;

A raiz, em princípio; a crença em reinação.

E tudo se surgindo em verdade pura,

Tudo crescendo em forte convulsão.

Canudos é o gesto da sertaneja gente.

Exigindo, em tudo, uma vivência crente.

Canudos é tufão de forças redivivas,

Desencadeando nascentes de idéias e vidas.

Canudos já viveu; e vive; e viverá.

Canudos somos os vivos; Canudos persistirá!

João Bosco Soares
Enviado por João Bosco Soares em 24/10/2015
Código do texto: T5425135
Classificação de conteúdo: seguro