Cor

Foi vendo então

Aquele mundo sem cor

Que Deus parou e pensou

Meu mundo anda muito sem cor

Chamou Oxú, Boi-ta-tá e Oxalá

E pensou, pensou, pensou

E por fim, no meio daquele branco

Decidiu jogar-lhe um preto

E o chamou de Jesus, de filho, salvador

Jesus de Filho Salvador

O homem, indignado e sem pudor

Falou que aquilo não era cor

E matou, matou, matou

E então

Platão e Gerião

Pensando, em Milão

Criou-lhe o amarelo e deu-lhe a razão

Mas Deus não se recolheu a razão

Pegou o preto e o modificou

Plantou-lhe na terra, como uma flor

E falou, falou, falou

Eitcha bicho bom do capeta!

Mas o branco não queria mais cor

E de novo matou, matou, margô

No intervalo da novela

Disse o repórter na sua tela

Que preto não era cor

E Deus, indignado, falou

E agora, o que eu faço ai que dor

Boizebu, vendo aquilo chegou

Se aproximou e lhe contou

Cria o homem sem cor!

E Deus, diante de todo aquele horror

Iniciou o plano do feitor

E o homem sem cor, logo quando chegou

Viu o preto, o branco e o amarelo

E pensou

Mas que Diabo

Roubaram minha cor!

E matou o branco, o preto e o amarelo

Sem saber que aquilo não era esperto

E Boizebu no intervalo da novela

Ria, ria que se mijava

E Deus, na sua infinita dor

Pegou o branco, o preto e misturou

Nascia agora o filho do salvador

E Deus então o guardou

Escondeu de Boizebu a sua cor

E agora só espera a hora certa

De mandá-lo direto pra terra.