Gastura e um Papel ao Maço


Curralinho, Rio Canaticu, 5 de setembro de 2015.



Aturiá
De um enamorar
De um envirar
Pra te cercar

A uruçu beijou a florescência
Da mangueira escapando à lama
Arribou na sua insistência
A vassoura do açaí lhe chama

Bom dia na subida pro tracuá
Que mexia na folha da amexeira
Piticó camarão veio a buiar
Acenar da anhinga ali da beira

A uruçu te frutificou
Flor de ucuúba te belezou
Esta lançante sem querer proseou
No final pra falar de amor

Quentura da saudade que chega
Passeei na ilharga de ti
Mofinei de uma cabeça tão lesa
Perdi o fogo tão sem ar mandií

Quebranto de um magoado do fim
É insossa hoje minha comida
Quem odera chamego pra mim
Panemice veio-me na varrida

Sol de Setembro que te esquentou
É mesma luz que nos juntou
Lua buchuda teu olho serenou
Tu reparaste que falo de amor?

Patauazeiro te sustentou
Uma tapagem te alimentou
Só pavulagem daqui que te rimou
Lári-lári pra provar o amor.

Extrato de pathchouli me banho
Babosa eu cheiro o cabelo
Senhora eu digo que ganho
Espia que eu te mostro o selo

Papel ao maço te recomendou
Vai alembrar do que já passou
Minha gastura até inflamou
Só pra saber se existe Amor

Faixa de século me agoniou
Mas me espivito pois tu corou
Aí meu Deus Tu bem abençoou
Digo Amém pois ficou o Amor.

Aturiá
De um enamorar
De um envirar
Pra te cercar

Enamorar
Vou te envirar
No Aturiá
Pra te cercar

Pra te cercar
Vou Aturiá
Vou te envirar
Te enamorar