Meu rio
Nasce todos os dias
Igual a uma lágrima tímida
Que se junta a outra e outra
Antes de começar a cair
Do alto do rosto
Feito água molhando água
Ganha força e abre caminhos
Antes de chegar à minha casa
é ainda uma criança peralta
Dá um salto mortal
Faz piruetas no ar e sai em correria
Gosto de vê-lo passar lá no fundo do quintal
É costume seu silêncio murmurado
Hora ou outra aumentar o volume
Faz uma volta bonita, desenhada com compasso
Cruza a ponte da estrada,
e vai
Subo o morro só pra vê-lo ao longe
quando é apenas um ponto no horizonte
Dizem que é lá que ele morre
e renasce com o nome de Rio Manso
que manso segue até o eterno azul do mar