Meu rio

Nasce todos os dias

Igual a uma lágrima tímida

Que se junta a outra e outra

Antes de começar a cair

Do alto do rosto

Feito água molhando água

Ganha força e abre caminhos

Antes de chegar à minha casa

é ainda uma criança peralta

Dá um salto mortal

Faz piruetas no ar e sai em correria

Gosto de vê-lo passar lá no fundo do quintal

É costume seu silêncio murmurado

Hora ou outra aumentar o volume

Faz uma volta bonita, desenhada com compasso

Cruza a ponte da estrada,

e vai

Subo o morro só pra vê-lo ao longe

quando é apenas um ponto no horizonte

Dizem que é lá que ele morre

e renasce com o nome de Rio Manso

que manso segue até o eterno azul do mar

Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes)
Enviado por Maria do Carmo Fraga (Mariana Mendes) em 04/04/2015
Reeditado em 25/06/2023
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